domingo, 4 de outubro de 2009

Suas lágrimas desciam silenciosamente enquanto esperava o ônibus de volta pra casa. Luiza tinha um segredo, mas sua mente cheia de idéias confusas escondiam-no bem. Suas amigas insistiam que contasse, mas a elas respondia apenas com um silêncio amargo e frustrante; mesmo sabendo que era melhor contar, guardava só para si a angústia da notícia que recebera dias atrás.

O trajeto para casa parecia mais longo que sempre, mesmo sendo a mesma distância; as imagens da janela agora pareciam desenhos borrados sem nenhum significado. Luiza não agüentava mais chorar pelos cantos, inventar desculpas para não se divertir com os amigos e ver o sol da rua só quando precisasse ir à farmácia ou ao supermercado. Por 10 dias não fora à aula, e evitava atender o celular. As poucas vezes que abria uma exceção era para dizer que estava tudo bem, que não precisavam se preocupar mesmo desejando dizer o contrário. Bom, é claro que ninguém acreditava, mas fingiam bem para evitar um desconforto.

Enquanto subia uma rua, o ônibus quebrou e tiveram que trocar. Nesse breve intervalo ela recebeu uma ligação; já estava preparada para desligar, mas resolveu checar o número antes, meio que por acaso. Não acreditou no que ouviu. Todas as lágrimas, a tristeza estampada em suas milhares de expressões tinham sido em vão: não houve seqüestro, nem acidente: tudo não passou de uma brincadeira de mal gosto. Seus pais estavam de volta, seus irmãos estampavam a mesma alegria, mas ela não desejava estar ali. Sua família não era aquela, mesmo que ligados pelo sangue, não acreditava que tinha sofrido tanto tempo por uma “brincadeira de criança”. De repente viu subir aquela rua três seres que estava acostumava a ver todos os dias, com seus defeitos estranhos e qualidades invejáveis; precisava de uma desculpa urgente para explicar sua ausência, mas naquele momento só queria sentir o calor de um abraço. Alguns poderiam não entender a felicidade que sentiu ao dobrar aquela esquina, mas ela sabia, por mais clichê que parecesse, que era àquela família que queria pertencer. Suas amigas podiam ser loucas e até ter todos os defeitos do mundo, mas não precisava provar nada: só um abraço sincero era toda a certeza que precisavam ter.

2 Comentários:

Blogger Lailla Mendes disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

5 de outubro de 2009 às 06:02  
Blogger Larissa Caldeira disse...

Como sempre Pseudoooooo...kkkk... mas tá muito bom... gostei da maneira "poética-narrativa" como foi construido o texto... Tá show Brauuuu!!!

5 de outubro de 2009 às 08:33  

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